Agora que já ultrapassei a quilometragem oficial indicada pela LML para a rodagem, agora que já trago comigo os documentos definitivos da scooter (demoraram cerca de 2 meses e meio), agora que já troquei de pneus, que já abasteci de óleo de marcas diferentes, que já lhe comprei accessórios, já rodei com chuva e vento, já lhe retirei os primeiros pontos de ferrugem que surgiram nos espelhos, já lhe fiz os primeiros arranhões, agora que já sou daqueles que têm sempre pelo menos uma vela e ferramentas no porta-luvas, agora que já não falho passagens de caixa, agora já sinto que a Indiana não é mais uma novidade e passou a ser "da casa".
Nestes quilómetros aprendi algumas coisas, porventura mais que o que podia ter experimentado num qualquer modelo de scooter moderna. Trocar os pneus, ainda novos, por não estar satisfeito com a performance dos que tinha, teria sido impensável na SH, não só pelo custo como pela trabalheira envolvida.
E essa troca de pneus foi mesmo muito importante. A diferença de comportamento, em piso molhado e em curva, por exemplo, é abismal. Mas o atractivo da Indiana não se resume à simplicidade mecânica e abundância de peças baratas. Poder resolver (quase) tudo em casa e a um custo baixo é bom, mas não é o principal atractivo desta LML. Pelo menos não para mim.
Comprar uma scooter desenhada há mais de trinta anos, pequena e lenta, numa era onde toda gente tem imensa pressa e a felicidade parece ser possuir o veículo mais moderno, mais veloz, mais confortável, é no mínimo coisa de um nostálgico. Do coleccionador de Vespas Old School, ao amante do design, quem compra uma LML está a enviar um certo tipo de mensagem. Optar por uma LML quando existem inúmeras outras propostas no mercado, mais potentes e capazes, é talvez um rejeitar do progresso, o de uma certa ideia de progresso. É claro que há razões históricas, em Portugal, para o sucesso das bonitas scooters indianas. Mas para mim... eu quero simplesmente abrandar, viver ao meu ritmo. Não quero passar pela vida a correr, de um sítio para outro. Na Indiana vou sempre pela estrada com paisagem, a uma velocidade que me permite absorver o que se passa a minha volta. Qual é a pressa?
A Indiana é a minha máquina do tempo e o meu sofá de psicólogo. É ao mesmo tempo burra de carga de material fotográfico e top model em passeios à beira mar, viatura utilitária para ir ao supermercado e aos correios, e sprinter audaciosa para chegar a horas ao trabalho.
Quem poderia pedir mais?
segunda-feira, 14 de dezembro de 2009
Dia 89
Publicada por Bessa à(s) segunda-feira, dezembro 14, 2009
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8 comentários:
Pode dizer-me sff quanto custa meter a mora em nosso nome? É que comprei uma Vespa 125 GTR e ainda não a meti em meu nome. Isso trata-se numa Loja do Cidadão? Obrigado
Pode dizer-me sff quanto custa meter a mora em nosso nome? É que comprei uma Vespa 125 GTR e ainda não a meti em meu nome. Isso trata-se numa Loja do Cidadão? Obrigado
Sim, podes tratar disso na loja do cidadão. O custo anda à volta de 60 Euros.
Funcionando como a tua máquina do tempo e o teu sofá de psicólogo (ou divã de psiquiatra), a tua LML já é bem mais do que uma scooter " meio de transporte". Passou a ser uma certa extensão da tua personalidade, no melhor dos sentidos.
É o melhor elogio que se lhe pode fazer.
Lendo este teu post acho que enterraste em definitivo a CN. :)
Um abraço!
Boa bessa!
Já fizeste o luto À antiga scooter e agora é altura de curtir com esta..hehe!!
Belo relato e que em parte também reflecte aquilo que sinto qdo pego na minha indiana....já agora, pra quando um passeio co pessoal das lml aqui por lx..seria a pensar nao?
Abraço
A CN ainda é para mim uma referencia. Posso bem voltar a ter uma, quem sabe. Mas por agora estou bem entretido. Só é pena o tempo que tem estado.
Passeios são bem vindos, tenho andado a pensar numa volta por Sintra, era bem porreiro. Ainda não acabei de me autoflagelar por ter perdido a prova do litro...
Um abraço!
Bessa!
Já há muito que não passava neste teu espaço.
É bom ver que já estás rendido à tua nova companheira de 2rodas e que, quiçá, ela te influencia mais a ti do que tu a ela.
=)
Espero que tudo continue a correr pelo melhor.
E até alinhava num passeio pela Serra! =)
Tenho gostado de acompanhar este teu blog, esta tua habituação à LML.
Para a passeata se der para uma 50 ir conta comigo.
Abraço
RazoR
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