terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Expomoto Batalha


No fim de semana fui à Batalha. Não sabia muito bem o que esperar do 2º maior salão português do género, mas conheço o de Lisboa e sei que mesmo esse é fraco, não trazendo muitas novidades e sentido-se muitas vezes a falta de um bom número de marcas.

À chegada fiquei bem impressionado com o elevado número de motos na estrada e no parque de estacionamento. Só por isso, num país onde tudo o que tem duas rodas parece ser no mínimo uma excentricidade, já fez valer a pena a viagem. Scooters vi muito poucas, mas isso também era previsível. Havia, no entanto, e logo no estacionamento, algumas preciosidades.

Lá dentro o espaço não era enorme, mas digno. Infelizmente a maior parte das marcas não investiu grandemente no salão, talvez fruto do nosso pequeno mercado ou da existência do Salão de Lisboa, com apenas umas semanas de separação.

O certo é que apenas algumas marcas estavam representadas, sendo que a maioria eram concessionários. Das com melhor apresentação destaco a KTM, Harley Davidson e BMW. As três grandes japonesas estavam presentes mas com uma dimensão quase amadora. Queria ter visto vários modelos da Yamaha, mas eles não tinham uma só scooter ou moto de baixa cilindrada no Salão! A Suzuki não fugia muito a este cenário, scooters só mesmo uma Burgman 400, as "novas" 125 e 200 não se viam em lado nenhum, e só a Honda, apesar do amadorismo, tinha uma representação minimamente decente.

Novidades não havia quase nada. Queria ver as Aprilia Scarabeo, que finalmente serão importadas para o nosso país, mas a Aprilia não estava representada. De facto, não só não havia novidades, como estavam expostos alguns modelos que já não fazem parte dos catálogos das marcas, caso da Vespa GT ou da Honda Pantheon!

Mesmo assim, nem tudo era mau, e as motos estavam todas bem acessíveis aos visitantes, ao contrário do que acontece nalguns salões. Era possível sentar-nos e sentir o peso em quase todas elas, e sem com isto atrair automaticamente um vendedor de falinhas mansas. Esta descontracção foi o melhor do salão, pois experimentei e observei de perto scooters e pormenores que nunca teria feito de outra forma.

Estive sentado numa Scoopy 300, mas não me despertou muito a atenção. Parece ser uma máquina muito prática, é ligeiramente maior que a minha 125, mas não sei porquê, não fiquei impressionado.


Perdi imenso tempo na área do grupo piaggio, pois estava fascinado com as últimas PX e outros modelos da marca. As grandes Xevo e MP3 não eram propriamente novidades, a Vespa S nunca tinha visto ao vivo, mas o que gostei mesmo foi de sentir o peso e experimentar a disposição dos comandos das velhinhas PX 125, prestes a desaparecer. Acho que sou demasiado grande para ter uma, o que é uma pena.

Por fim, havia ainda o salão de motos usadas, que decorria paralelamente. Era simplesmente um armazém cheio com filas de motos. Scooters eram muito poucas, mas, tal como nas motos havia a possibilidade de fazer uns belos negócios, como é o caso desta MP3 por menos de 5,000 Euros.

Nesta fase o cansaço já apertava e era altura de recuperar forças. No final o balanço era bem positivo e só espero que o mercado tenha crescimento e que isso se reflicta no Salão da Batalha.

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Scoopy review

Lembrei-me de uma coisa. Já falei muito da minha Honda SH, mas nunca perdi muito tempo com as suas características e capacidades, e esse género de informação que pode interessar a um comprador curioso ou indeciso...

Bom, a Honda SH 125, conhecida como "Scoopy" (embora esse nome não surja em nenhum lugar da mota) é uma scooter de roda alta muito popular em países do Sul da Europa, como Espanha e Itália, onde domina o top de vendas há anos, mas não tanto aqui em Portugal. Segue o esquema típico destes veículos, com rodas de 16 polegadas à frente e atrás, um motor enérgico para os seus 125 centímetros cúbicos de cilindrada, que no meu modelo de 2001 são servidos por um carburador. Não tem "ar", ou seja, tem mistura automática e tudo o que o condutor tem que manusear são o acelerador e os travões.

Dispondo de 13 cavalos, mais coisa menos coisa, a Scoopy consegue arrancar à frente do trânsito nos semáforos (a maior parte das vezes). Em cidade, mantêm sempre fôlego mais que suficiente para que eu me sinta seguro, mesmo a subir, ou nas grandes avenidas, onde ninguém parece cumprir os limites de velocidade. No entanto, as vias rápidas que nasceram em Lisboa um pouco por toda a parte trazem já problemas sérios, uma vez que nem sempre é possível manter-mo-nos ao ritmo (louco) do trânsito. Eu evito circular por estas vias sempre que posso.


Mesmo assim, as performances são muito razoáveis, a Scoopy arranca sem esforço e notavelmente depressa até aos 40-50 km/h, circula sem esforço a mais de 70 km/h e chega supostamente aos 105 km/h, embora na minha mão só tenha chegado aos 100. Não costumo forçar essas velocidades com frequência: eu meço quase um metro e noventa e ofereço muita resistência aerodinâmica, além de que a partir dos oitenta nota-se que o motor já vai em esforço. Digo isto pelo som, uma vez que a Scoopy não tem naturalmente conta rotações, embora disponha de um agradável mostrador com velocímetro, indicador de temperatura e indicador de combustível, sem luz de reserva. Possui ainda um relógio digital e um conta quilómetros parcial.

Em andamento a Scoopy é confortável, fruto do assento longo, largo e ergonómico, perfeitamente capaz de transportar duas pessoas adultas, e de umas suspensões muito razoáveis (forquilha telescópica à frente e um par de amortecedores atrás, estes com 3 posições de regulação). Mais uma vez, o meu metro e noventa por vezes condiciona o conforto, nomeadamente com passageiro, mas a solo, e em geral a moto é um sitio agradável para se estar. Um aviso sobre a altura do banco, para mim está perfeita, mas para os mais baixos pode ser um problema.


A travagem é só razoável, não muito forte. Isso sim, é bastante segura, fruto da travagem combinada: é quase impossível bloquear qualquer roda, mesmo a de trás! Circulando por Lisboa, as rodas grandes fazem notar as suas vantagens, uma vez que as inúmeras irregularidades e buracos de Lisboa são ultrapassados quase sempre sem problemas, embora com algum desconforto provocado sobretudo por abanões e sacudidelas de alguns plásticos. Isso pode ser um problema específico desta unidade, uma vez que ela já tinha tido algumas quedas antes de eu a comprar...

Em termos de aspectos práticos, a Scoopy peca pela falta de espaço debaixo do assento, mais uma vez, não é defeito, é feitio, já que isto é um problema comum a quase todas as scooters de roda alta. Lá caberá só um pequeno capacete Jet, mesmo assim a sua utilidade não é negligenciável. Por outro lado, a plataforma plana para os pés, mais um conveniente e muito inteligente gancho e a cómoda grelha porta-bagagens ajudam a transportar cargas na Scoopy.
O passageiro dispõem também de poisa pés retracteis, e para finalizar a lista do equipamento é de referir que a Scoopy tem um muito útil, mesmo que pouco usual, travão de mão, uma pequena palheta que prende a manete esquerda e assim imobiliza as rodas.


Para finalizar, de referir que a Scoopy nunca me deu problemas mecânicos, tive apenas que trocar de bateria uma vez. As revisões são feitas na Honda cada 4000 km e os consumos são muito agradáveis, nunca gastei mais que 8 Euros para encher o depósito, o que se traduz num consumo médio de 3 litros por cada 100 km...

Para mais informações podem consultar os dados técnicos aqui e ler um ensaio do mais recente modelo, aqui (em Francês)

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Scooter..? Porquê? (Parte 2)



Pensei em muitas maneiras de conseguir utilizar a bicicleta como veículo utilitário, mas falhava sempre alguma coisa. Se fosse muito perto, ia a pé. Qualquer coisa acima de 2 km já merecia a pena, mas para distâncias maiores que 12 km havia o factor transpiração, teria que levar roupa para trocar, eventualmente tomar banho. Onde? E depois havia as estradas. Na altura não morava em Lisboa e as principais vias de acesso para mim eram a A5 e a estrada marginal. Nem mesmo a Marginal, com o seu sistema de semáforos (e agora radares) oferece as mínimas condições de segurança a um ciclista.

Ainda penso que a bicicleta é o veículo supremo, ecológico, divertido, uma proeza de engenharia e simplicidade onde somos nós que brilhamos (ou não). Mas eu precisava de outra coisa...

Resolvi experimentar os pequenos motociclos, esses descendentes da moderna bicicleta. Para isso tive de tirar a carta de mota, um desejo muito antigo. No inicio de Setembro de 2006, montado na Yamaha XJ 600N de uma escola da capital, passei no exame. Muito haveria a dizer sobre o ensino de condução em portugal, mas isso fica para uma outra oportunidade. Com a licença na mão, uns dias depois, não tive mais que pegar na fiel Scoopy, que estava já parada à porta de casa. Sim, porque ainda antes de passar no exame de condução já tinha combinado a compra da Honda SH 125 da minha amiga Ana, que trabalhava agora tão longe de casa que a scooter pouco uso tinha.

E porque escolhi a Honda SH, além do preço e a confiança? Bom, para começar sempre tinha admirado o design das scooters, a ideia de esconder as partes móveis e potencialmente sujas da mota, de proteger o condutor parcialmente dos elementos, tudo era mais requintado, tudo nas scooters parecia mais civilizado. E as scooters eram todas motociclos (e ciclomotores) de baixa cilindrada, justamente os únicos que me interessavam. Eu queria simplificar a minha vida, não complica-la. As motos de grande cilindrada consomem tanto como os automóveis e têm uma manutenção igualmente dispendiosa, sem serem nunca mais práticas.

Desde esses começos no final do verão de 2006, deixei de usar e depois vendi o carro. Agora moro em Lisboa, onde a Scoopy repousa sozinha na garagem do prédio. Uso a scooter todos os dias. Com perto de 10.000 km de experiência, já me sinto menos maçarico e já conduzi em todo o tipo de estradas, desde Autoestradas a estradas regionais de montanha. E não me arrependo nem um bocadinho das minhas escolhas.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Scooter..? Porquê? (Parte 1)


Muitas vezes me perguntam as razões desta opção. Não há uma só resposta linear, por isso vou ter que recuar no tempo e fazer um pouco de história...

Há uns anos, eu era um trabalhador aprisionado num escritório algures no centro de Lisboa. A vontade de sair cedo da cama para ir trabalhar não era muita. Havia meses em que comprava o passe (e precisava apanhar um só autocarro para chegar ao trabalho) mas mesmo assim acabava sempre por sair tarde e "ter" que ir de carro para Lisboa. Além do tempo que o percurso me demorava (neste caso era igual ao dos transportes públicos), não havia normalmente lugar onde estacionar o meu Ford. Então eu improvisava, como muitos dos meus colegas, e deixava o carro estacionado na curva, "ligeiramente" em cima da passadeira, ou então tinha sorte e deixava num lugar de parquímetro. Que não pagava. Ou pagava pelo período de tempo máximo permitido, que terminava sempre antes da minha primeira oportunidade de o ir lá reabastecer.

Durante uns tempos, a empresa encarregue dos parquímetros na capital EMEL revelou-se incapaz de processar todas as infracções em tempo útil. Isso equivalia a uma impunidade quase total e recordo um final de ano em que deitei fora mais de 50 multas, que nunca paguei nem me foram cobradas.

Mesmo assim, as multas da policia, essas, revelaram-se pesadas, e algumas vezes o meu carro foi mesmo rebocado. Com o passar do tempo, também a EMEL melhorou a eficácia e mesmo algumas medidas solidárias estabelecidas lá no escritório (um pré-aviso, por telefone, com a colaboração de quem estava à janela, lançava uma pequena multidão de colaboradores pelas escadas abaixo, de moedas em punho) revelaram-se insuficientes para evitar um avalanche de despesas e muito, muito stress.

O problema foi-se agravando, e muitos colegas começaram a levar os transportes públicos a sério. Eu não. Resistia, achava que havia sempre uma maneira de continuar a trazer o carro para Lisboa. Na verdade era cada vez mais complicado arranjar um lugar, por mais ilegítimo e ilegal que fosse. A EMEL começou entretanto a bloquear os carros e depois a reboca-los. Isto trazia-me uma enormidade de problemas e despesas, mas eu não desistia do que achava ser o meu direito! Cada vez mais atrasado, stressado e pobre, resistia. Cheguei a cruzar-me com o meu carro à hora de almoço, eu a caminho do restaurante e ele, em cima de um reboque, a caminho do parque da EMEL. Perdi a conta a este tipo de situações e cada uma custava-me pelo menos 90 Euros.

A determinada altura deixei esse emprego e com ele também se foi o hábito de levar o carro para todo o lado. Comecei a ponderar meios mais saudáveis de me deslocar e optava por andar a pé sempre que possível, de transportes públicos e até de bicicleta. Está última opção era a minha preferida, pois o meu desporto preferido da altura era o BTT. Mas as bicicletas tinham vários inconvenientes práticos, num país como o nosso, e depressa comecei a reparar nas motas...

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Primeiros Km 2008: chuva e o pendura de 73 anos

O primeiro dia do ano nasceu cinzento em Lisboa. Nuvens escuras dominavam o céu e onde quer que se fosse era impossível perceber onde estava o Sol. Fui ter a casa da minha mãe, de onde seguiríamos os dois para o nosso almoço de ano novo com a família. O tempo aguentou-se. Apesar de estar cada vez mais escuro, não choveu.

Mas estávamos atrasados, não tínhamos nenhum carro disponível e transportes públicos nos feriados quase não existem. Eu tinha o capacete e luvas da Marta comigo, e sabia que eles serviriam à minha mãe... Fui olhando pela janela e embora o tempo parecesse piorar, ainda não chovia. Se fôssemos de scooter, antes que o mau tempo se instalasse, estaríamos lá em menos de dez minutos.

Mas não era assim tão simples. A minha mãe teve filhos muito tarde, e embora esteja em forma e de boa saúde, não deixa de ser uma venerável senhora de 73 anos de idade. A ideia de transporta-la na Scoopy deixava-me apreensivo. Eu sabia que ela já tinha andado à pendura na scooter (uma NSU) do meu tio, nos anos 60, mas desde então nunca mais tinha sequer chegado perto de um veículo de duas rodas.

Apesar disso, a minha mãe sempre foi das pessoas da familia que menos questões levantou sobre a minha recente paixão pelas duas rodas. Ao contrario de várias outras pessoas, nunca demonstrou qualquer preconceito por esta minha opção. Sendo uma pessoa bastante conservadora e de uma geração muito diferente, demonstra uma abertura de espírito que é realmente pouco comum neste país triste.

Não hesitou em aceitar a minha proposta: iríamos de Scoopy! Acho que estava um pouco nervosa, mas nada disse. Vestiu-se de forma apropriada, e falamos um pouco sobre a postura sobre a scooter. La fora estava a levantar-se vento e a chuva ameaçava cair a qualquer instante. O asfalto estava já molhado em certas zonas. As condições estavam longe de ser ideais, mas por outro lado havia pouco trânsito e a distancia era de pouco mais de 3 km. E assim fomos. A minha mãe subiu para o lugar do passageiro com mais facilidade que alguns penduras que eu já tive, e partimos. Minutos depois estávamos de novo num ambiente quente, em casa da minha avó e prontos para o almoço. Zero problemas. Mais tarde regressamos da mesma forma, também sem incidentes e conseguimos evitar a chuva. Comentários do meu pendura: "Faz um bocadinho de frio..."

O meu regresso a Lisboa não foi tão pacifico, no entanto. Choveu todo o caminho e as minhas luvas acabaram ensopadas. A visibilidade era reduzida e a viseira do capacete embaciou várias vezes. Tirando estas dificuldades, não foi desconfortável. Na verdade, só as "extremidades" sofreram, o blusão aguentou bem, tal como as calças de chuva que trazia. Mas os sapatos que levava, perfeitamente convencionais, e as luvas (de verão) não tiveram muita sorte. Ainda agora estão a secar...

Apesar de tudo, foi um primeiro dia do ano promissor... Um bom ano para todos!