quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Não se fala de outra coisa: LML a 4T


Quando fui à Old Scooter, o Manel confidenciou que em breve teriam uma LML a 4 tempos por lá, exclusivamente para testes e feedback do fabricante. É claro que achei a noticia muito interessante, mas pensei que era só mais um passo no desenvolvimento do protótipo.

Como sou ingénuo. Nos últimos dias, os forums e a blogosfera fervilham de actividade sobre a eminente saída para o mercado das novas scooters LML. Serão apresentadas no salão das motas de Milão, o EICMA, que já está a decorrer, e prevê-se a sua comercialização para muito breve, talvez ainda este ano.

Só o futuro poderá dizer o que vai significar este modelo, mas para já baralhou a cabeça aos interessados numa LML Star a dois tempos: já tinham o livro de cheques na mão e agora ficaram indecisos. Eu também ficaria.

Imagens das scooters aqui. Um dos primeiros protótipos conhecidos aqui. Ficha técnica aqui. Vídeo de motor 4 tempos a funcionar aqui.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Carros Voadores II

Juro que não percebo.

Diariamente utilizo um troço de menos de 10 km da estrada marginal Lisboa-Cascais. Nos tempos mais recentes parece que não há dia que eu não presencie um acidente, ou veja as sequelas de um, neste pequeno troço. Não estou a falar de toques no para-arranca das horas de ponta. Nem vale a pena contabilizar esses. Estou a falar de carros a voar, carros destruídos, pessoas feridas, mortos.

A N6 é uma estrada sinuosa, mas de bom piso e com limites de velocidade entre os 50 e os 70 km/h. Esses limites são policiados em vários locais por semáforos com controlo de velocidade. Estas restrições existem por bons motivos. A estrada marginal tem muitas curvas apertadas, inúmeras rotundas, acessos a parques de estacionamento, a restaurantes, acessos a residências privadas, entradas e saídas. A estrada é também relativamente estreita e não tem bermas.

Apesar destas condições, o cenário habitual na Marginal faz lembrar o PTCC. Toda a gente rola o mais depressa que pode, muda de faixa continuamente, tentando ganhar posições. É claro que os automobilistas-pilotos também passam muito tempo parados nos semáforos, uma vez que a maioria das pessoas não cumpre, nem de perto nem de longe, os limites de velocidade. Também passam muito tempo simplesmente parados, porque os engarrafamentos são habituais. Mas assim que arrancam, a salvageria regressa ao asfalto, enquanto os condutores vão também pondo a conversa em dia com telefonemas infindáveis, tomam pequenos almoços tardios e brincam com os inumeros gadgets do enlatado moderno.

Hoje voltei a ver um carro, um Opel Vectra, completamente destruido. Atrás dele, um choque em cadeia de mais 4 viaturas imobilizou completamente esta fatidica N6 no sentido Lisboa-Cascais na hora de ponta da tarde. Os envolvidos certamente terão explicações para mais este "accidente". Têm sempre.

Pneus há muitos


E a julgar pelos números da OMS, cada vez mais. Mas eu queria era falar de borracha. Como sabem os meus leitores mais atentos, troquei de pneus recentemente. Os originais MRF Nylogrip Zapper, compatriotas da Indiana, foram substituídos por uns teutónicos, mais consensuais, Continental Conti Twist.

Agora que já rodei alguns quilómetros com estes novos pneumáticos, posso tirar algumas conclusões. Primeiro, as diferenças de dimensões são notórias. Os MRF são pneus de perfil mais alto e são um pouco mais estreitos que os Continental. Talvez por isso eu tivesse aquela sensação desagradável de que a scooter ia cair para o lado. Um controlo apertado da pressão minorou o problema, mas nunca o resolveu. Agora não me posso queixar de nada disso. A scooter vai mais estável, mais controlada. Terminaram também as pequenas derrapagens em piso menos aderente. Quando fazia reduções um pouco mais bruscas (e nunca sou realmente brusco com a Indiana) os pneus de origem por vezes patinavam, algo que sempre me pareceu estranho. Afinal, a Indiana tem muito poucos cavalos disponiveis...

Agora tudo acontece com muita suavidade. A condução em molhado então melhorou muito, talvez a diferença maior entre as duas borrachas se encontre nessas condições difíceis. Acho que não teria saído de scooter nos últimos dias se não tivesse os pneus novos.

Infelizmente não tenho mais experiência com outros pneus nesta medida. Andei com os Michelin S83 durante um dia e gostei. Os Conti Twist estão uns furos acima, na minha opinião, mas não muitos. Falta experimentar os pneus de scooter mais badalados das últimas décadas. Elevados à categoria de mito da aderência por muitos, os Continental Zippy 1 são actualmente difíceis de localizar e correu mesmo o rumor que o seu fabrico teria sido descontinuado. No entanto, eles continuam a figurar na pagina Web da marca Alemã e algumas pessoas têm adquirido alguns exemplares recentemente. Provavelmente, o meu próximo investimento neste capitulo.

Resta explicar como resolvi o problema do perno moido. Na verdade não resolvi. Levei a Indiana à Old Scooter e o Manel tratou de tudo. E eu não pagei nada. E esta hem, senhores da Honda??

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Carros Voadores

Já perto das onze horas, a marginal apresentava-se com pouco transito. O que dava jeito, por que estava a chover intensamente e não me estava a apetecer ter de fazer o slalom do costume. Os enlatados circulam em excesso de velocidade, como sempre fazem, absolutamente indiferentes às condições meteorológicas.

Ia concentrado na condução. Os pneus Continental melhoram a tracção em piso molhado e sinto-me um bocado mais estável na scooter. Mas é uma mudança do terror absoluto para um medo intenso: ainda vou em alerta total quando conduzo a Indiana à chuva. O capacete estava a embaciar um bocadinho, coisa que não costuma acontecer. Estou a meditar sobre a necessidade de levantar um pouco a viseira quando um movimento anormal uns metros à frente capta a minha atenção.

Na curva seguinte, nas faixas contrarias, dois automóveis colidem, enviando um deles contra o separador de um palmo de altura, que não o detém. Ele salta para cima dos carros à minha frente, atingindo um e continuando o seu voo até embater com muita violência no muro do Centro Náutico.

Nos momentos seguintes parece que o mundo parou. Só a chuva continua a cair.

O condutor de um carro atingido à minha frente saí da viatura danificada, visivelmente combalido, e vai para o passeio. Na faixa contraria, outro condutor tenta retirar o seu Mitsubishi do meio da estrada, sem grande sucesso. Parece não saber que tem o eixo da frente partido. Em cima do passeio, levantado contra o muro, com todos os airbags insuflados, os passageiros de um Opel muito deformado permanecem dentro do carro. Surgem inúmeras pessoas, a maioria vindos do centro náutico. Algumas correm para o carro mais maltratado, procurando ajudar as pessoas. O transito começa a acumular e ouvem-se as primeiras buzinadelas, impacientes.

A chuva não abranda. Concluo que não estou ali a fazer nada a não ser expor-me a mais perigos. Arranco, contornando aquela carnificina. No caminho que me resta, sou ultrapassado por inúmeros carros a alta velocidade, provavelmente tentando compensar o tempo que perderam lá atrás. Ninguém parece tirar nenhuma lição do que acabou de testemunhar, os excessos continuam. Até à próxima vez.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

5 dias e 5 noites


Ao contrario do que acontece na formula 1, esta foi uma mudança de pneus que levou algum tempo. Vários dias na verdade.



E ainda não acabou...



Tinha previsto que na quarta feira (passada) chegassem os meus pneus novos, mas por alguma razão que a razão desconhece, chegou apenas um. Os amigos espanhóis a quem comprei a borracha resolveram prontamente o problema, mas isso implicou que só sexta feira tive cá em casa os dois Continental Conti Twist, para juntar às câmaras de ar continental que também iria colocar.


Certo. Passada a ressaca do jantar de sexta, sábado a meio da manhã toca a meter mãos à obra. As primeiras dificuldades surgiram logo no momento de colocar o pneu Continental na jante. É que os Conti Twist, como quase todos hoje em dia, são pneus tubless. Podem na mesma ser utilizados nas LML e vespas, em jantes convencionais com a câmara de ar, só que dão algum trabalho. As laterais do pneu são feitas para segurar o ar, por isso são grossas e muito mais apertadas do que as de um pneu de câmara. Unir as duas metades da jante exige bastante energia.


Superada esta primeira dificuldade, imaginei que dentro de minutos tudo estaria concluído. No entanto, passadas algumas horas ainda estava na garagem, incrédulo, a olhar para uma porca. Já com o pneu dianteiro montado, e o traseiro instalado na roda suplente, faltava-me só fazer a troca deste pela roda traseira. Mas e retira-la? Uma das porcas recusava-se a sair. Recusava-se mesmo a sair. Tentei lubrificar, martelar e puxar a porca renitente, mas sem sucesso. A Indiana passou o fim de semana sem sair da garagem.


Consultados os peritos e depois de muitas tentativas, hoje consegui desalojar a malvada porca, não com o uso de nenhuma ferramenta especial (que cheguei a tentar adquirir), mas recorrendo a uma boa e velha arma de família: a teimosia.

As possibilidades aqui eram duas ou, vá, três: ou a porca estava moída, ou o perno estava moído, ou ambos estavam feitos num oito. A primeira era a menos má, mas verificou-se o pior: o perno é que estava todo comido. Esta questão coloca novos problemas, mas por agora nem quero pensar nisso. Coloquei a roda com o pneu novo no sítio e voltei a apertar tudo, incluindo a porca massacrada no seu perno moído. Siga. Amanhã já vejo o que faço.


Antes de ir ligar a televisão, esclareço que as ferramentas fornecidas de série permitem realizar todos os trabalhos que tenho feito até agora, menos martelar porcas teimosas. As câmaras de ar que vinham de série, e eu troquei, tinham também um aspecto razoável. Lamento no entanto esta situação, que levanta algumas dúvidas em relação à qualidade do material utilizado nas LML. Eu realmente queria viver a experiência da scooter clássica, mas se calhar estou a chegar às coisas más muito depressa e a vive-las demasiado intensamente.

Entretanto, se vieram aqui parar na procura de uma descrição detalhada sobre como mudar pneus numa vespa, ou coisa no género, vejam antes isto.