terça-feira, 1 de abril de 2008

Think!

Quem circula em Lisboa sobre duas rodas, a maneira civilizada e ecológica de chegar a algum lado, sabe bem os perigos que corre. Não são só os buracos, a má sinalização, as obras na via pública, os carros parados em todo o lado. Os automobilistas circulam em excesso de velocidade permanente. Com excepção das zonas onde existem radares , é “normal” a maioria das pessoas circularem a mais de 70 km/h nas zonas urbanas de limite 40 ou 50 e a mais de 90 nas grandes avenidas, que têm os mesmos limites. Também é absolutamente "normal" usar telemóveis, não sinalizar nenhuma mudança de direcção, ultrapassar ciclomotores a milímetros dos guiadores e simplesmente usar o carro para intimidar os que estiverem menos protegidos (peões e motociclistas), coisa muito corrente, por exemplo em passadeiras e cruzamentos.



Depois, em caso de acidente, presume-se sempre que o motociclista, além de ter ficado em mau estado, é o culpado. Mesmo que toda a lógica indique o contrário, ele será sempre visto como culpado. Porque sim. A mesma coisa para os ciclistas, que só estão “atrapalhar” o trânsito. A maioria é vista como isso, um empecilho. “Se querem fazer desporto, vão para um parque, eu tenho pressa”. Os peões são também normalmente “culpados”, porque não olharam e não tiveram cuidado. Quando morreram recentemente duas senhoras ao atravessar uma passadeira na Praça do Comercio, cortadas ao meio por uma condutora que não parou num sinal vermelho e circulava a mais de 100 km/h, encontrei vários comentários em fóruns automobilísticos na net que culpabilizavam as pobres mulheres, por não terem tomado precauções!

Este é o actual estado de coisas. E perante tal estado de coisas seria de esperar que o Estado fizesse o seu papel. Mas não faz. A Prevenção Rodoviária Portuguesa é uma piada e já tive ocasião de aqui falar da sua atitude para com os motociclistas. Por comparação, (e contraste) o Reino Unido tem campanhas de sensibilização bastante bem sucedidas. Eis mais alguns bons vídeos da campanha Think!






Naturalmente que há diferenças entre não fazer nada (ou fazer isto) e fazer campanhas assim. Existirão muitos outros factores, mas talvez estes vídeos ajudem a explicar os números. E os números, muito simplificados, são estes que se seguem (dados retirados daqui e daqui).

Portugal: 378 automóveis por 1000 habitantes. 125 mortos por milhão de habitantes em 2004

Reino Unido: 538 automóveis por 1000 habitantes. 56 mortos por milhão de habitantes em 2004

Já agora, valia a pena pensar nisto, não?

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