Agora que já caíram os primeiros aguaceiros, parece que o ciclo primavera-verão está definitivamente encerrado e estamos de novo na fase "deixa-me lá ver se hoje chove". Para mim coincidiu com o fim de um período de férias, onde até consegui fazer alguns quilómetros de scooter, por isso o fim do ciclo fica ainda mais evidente. O parque de motas aqui no trabalho está de novo reduzido a menos de meia dúzia de unidades, e eu próprio pondero utilizar mais os transportes públicos uma vez que não tenho muita confiança no desempenho da Indiana em piso molhado.
Não sei se será dos pneus ou simplesmente da arquitectura clássica da scooter, mas se já não tenho mãos a medir para segurar a Indiana, por vezes, em piso seco, quanto mais com piso molhado. Refiro-me a pequenas escorregadelas que surgem quando falho uma passagem de caixa e meto uma segunda em vez da terceira (!!), ou simplesmente reduzo demasiado cedo para terceira. Ou à travagem muito instável, sobretudo em mau piso e em descidas acentuadas. Será só dos pneus? Não me parece, embora deva admitir que estes pneus bonitinhos "MRF Nylogrip Zapper??" que a Indiana traz de série me parecem estar uns furos abaixo dos Michelim S83 de desenho clássico que equipavam a Vespa PX 150 que experimentei.
Pode haver também alguma insegurança da minha parte, mas tenho que admitir que nunca como agora senti medo de ter um acidente do qual fosse culpado. Com a SH ou com a CN, havia sempre a sensação de não poder controlar o que os outros faziam, mas sentia ter um bom grau de controlo sobre o meu próprio desempenho. Caí uma vez, a baixa velocidade, numa rotunda com óleo. Sem estragos materiais ou físicos. Isso foi tudo o que me aconteceu de que me pudesse considerar culpado.
Mas agora, cada curva, cada buraco, tudo aos comandos da Indiana parecem ser ameaças , enquanto sou ultrapassado sem dó nem piedade por todo o tipo veículos, incluindo scooters automáticas de 50cc! Na Serra de Sintra quase fui ao tapete, em piso seco, só por causa de uma pequena irregularidade da estrada que não vi e sobre a qual passei inclinado (mas não muito) ao descrever uma curva.
Entretanto já totalizo mais de oitocentos quilómetros "indianos", muitos deles feitos em estradas nacionais e regionais e até alguns de autoestrada feitos durante a travessia da ponte vasco da gama, que não recomendo (em dias de vento levem uma muda de cuecas...) A scooter continua algo "presa", embora já chegue aos 80 km/h sem rotações excessivas. Os arranques é que são penosos e para qualquer velocidade acima dos 30 km/h já se vai em 4ª. Em estrada nacional não é problemático manter médias constantes de 70-75 km/h (valores de marcador) embora isso pareça ser para muitos automobilistas portugueses o equivalente a estar parado na estrada.
A caminho de Évora, na nacional 4, além das costumeiras razias e buzinadelas, tive oportunidade de ser intimado por um cidadão a circular pela berma. Este senhor tentou explicar-me que era assim que as coisas se deviam passar, atirando propositadamente o seu Mitsubischi Pajero várias vezes para cima de mim a mais de 100km/h, enquanto buzinava e gesticulava furiosamente.
Quando uma pessoa faz isto, em vez de simplesmente ultrapassar, tendo imenso espaço para o fazer, só há duas hipóteses: ou é louco, ou estamos em Portugal. E como era em Portugal que estava, eu resignei-me a esquecer o incidente. No entanto, a Marta, que seguía atrás de mim na altura, ficou chocada com toda a situação e insistiu que fôssemos à policia. Foi uma tarde inteira perdida em esperas e a tentar explicar porque razão queríamos apresentar queixa, já que os policias de Évora pareciam não compreender onde estava o crime. Um superior lá os elucidou:
E é só isto porque hoje estou bem disposto.
Para descontrair de tanta boa disposição, nada como uma imagem de um animal fofinho. Este gato estava muito interessado na nossa presença no parque de campismo de Évora. Ainda estive tentado a senta-lo encima da Indiana, mas pareceu-me demasiado forçado:
Resumindo, eis os dados desde 16 de Setembro:
LML Star Deluxe 2009 (Linha "Classic") 2.500 Euros com documentos, óleo e ar nos pneus (alguém tinha perguntado...)
Km percorridos: 840 (85,5% estrada; 12% Cidade; 2,5% Auto Estrada)
Média actualizada de consumo: 3,24 l/100km
Velocidade máxima atingida em plano (velocímetro): 85 km/h
Problemas encontrados: Alguns parafusos e porcas mal apertados, motor custa a desenvolver (rodagem?!), travagem difícil de dosear. Pneus bonitos mas pouco aderentes. Há outras questões que não serão bem problemas, mas sim características normais de um modelo baseado num projecto com mais de 30 anos: mudanças imprecisas, muita instabilidade dinâmica, vulnerabilidade extrema ao vento lateral.
Pontos positivos: Muitas emoções por quilómetro! Resistência, quase tudo na scooter é em metal. A mecânica é muito simples e acessível. Cabe em qualquer lado. Tem mudanças. Tem o porta-luvas do Sport Billy. Atrai jovens turistas japonesas, aliás faz sucesso entre o publico feminino em geral. Dá gosto ficar só a olhar para ela. Alem de tudo isso, tem, pasme-se, avisador sonoro de intermitentes ligados!
10 comentários:
Ainda bem que tens gostado da tua nova scooter.
Recomendo-te a mudar já de pneus por uns continental contitwist sport e vais ver que a moto é logo outra. Confia em mim que já andei com uns pneus em nylon (material igual aos teus) e quando troquei pensei logo:
-Porque não troquei antes?!
Abraço e continua a aventura no blog :D
Mais um excelente relato, com fotos a condizer dessa bela indiana.
Essa história dos pneus é que é estranha. Eu que até sou maçarico nunca apanhei nenhum susto de pensar que ia ao tapete. Agora um scooterista experimentado sentir isso é muito estranho. O melhor mesmo é trocar de pneus o quanto antes, para evitar males maiores.
A foto do gato está fantástica.
A história do Pajero não foi nada comigo e revoltou-me. Há com cada imbecil.
Livra-te dos pneus indianos rapidamente e monta uns de "marca"! Quanto às mudanças imprecisas podem estar desafindas; pede a outro Vespista (LMLista?) para experimentar e dar opinião.
Troca de pneus, vai à bruxa (por causa do debilóide do Pagero) e na chuva anda com c a l m i n h a!
Mais uma boa posta.
É por isso que sigo as tuas aventuras...dizes sempre tudo, mesmo que seja para dizer algumas coisas menos agradaveis da tua scooter. Parabens e continua a escrever as tuas "aventuras".
P.S.: o fulano do pagero, tambem me deixou revoltado, pode ser que qualquer dia apanhe um susto...
Rodrigues.
:) Bessa muito bom este relato! Parabéns tb pelas fotos. Esse sr.º do pajero ... deve ser chamado a prestar declarações na PSP Évora ;) .
Sobre os pneus, a minha LML vinha c uns SAVA made in Slovenia de piso clássico, n parecem ser maus! As passagens de caixa na minha são normais. Talvez isso precise de uma afinação! Sobre a travagem estou de acordo contigo o da frente (disco) trava 5* o de trás (tambor) 0*. Devem estar acamar :D
As únicas coisas que mudei logo na minha foram;
- Vela NGK7HS (Vem c Mico XPTO) 1,7€
- Troquei cerca de 30 parafusos fêmeas (porcas) 8mm em latão por aço inox c auto-bloqueante (em todas as rodas) 2,5€
Abraço
Pedro
As mudanças não são imprecisas...tu é que és um maçarico "automático" ...eheheh...
Quanto às travagens, deixa acamar os calços e muda essas jantes e pneus...jantes de aluminio e contitwist e ves logo a diferença...
um abraço
Mete uns Michelin S83 se gostares do piso classico, até não são maus de todo.
Não sabia que as LML vinham com BEEP nos piscas.
O Pajero não tem culpa de ter o urso que tem como dono. Mas que levava uns berlaites bem mandados levava!
Obrigado pelas dicas e comentários. Neste momento estou a escolher os pneus novos, toda a gente parece gostar dos Continental, se calhar vou seguir os conselhos.
As jantes são para manter, pelo menos por enquanto.
Um abraço!
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