Estava eu a divagar, caminhando distraidamente pela zona baixa da cidade, dando tempo ao atendimento de algumas das mais de 100 pessoas que estavam à minha frente na Loja do CidaCão, quando reparo na acção suspeita de um agente da autoridade. Estava ele, como direi, a dedicar inusitada atenção a um pequeno, mas elegante, grupo de scooters estacionadas em cima de um passeio. Uma Yamaha recente, uma pequena vespa LX 50cc e uma MP3 pareciam cativar o Sr. Agente da Policia Municipal, ali bem perto da estação do Rossio. Não resisti a ir ter com ele. Primeiro limitei-me a ficar a olhar para aquilo, bem de perto, depois ele pareceu ficar algo incomodado pela proximidade e seguiu-se este diálogo:
- Bom dia. Desculpe lá, o Sr. está a multar estas scooters, é isso?
- É... (ar ligeiramente desconfiado)
- Pois... é porque estão em cima do passeio..? (eu a dar-lhe uma ajuda...)
- Bom, quer dizer, elas a mim não me incomodam, aliás, não tenho nenhum gosto em multar motas... Mas tem que ser.
- Hum... é que eu também tenho uma scooter e costumo deixá-la assim em cima do passeio, não há mais nenhum sítio onde se possa estacionar! Nos lugares da EMEL(ga) não pode ser e quase não há lugares em Lisboa próprios para motociclos.
- Há, há... então...ali... na rua (não me lembro do nome que ele disse!), por exemplo!
- Pois, e no Saldanha também há lá uma zona nova de estacionamento para motas, mas concretamente, aqui, ou noutro sítio sem lugar especifico para motos, onde é que se poderia estacionar correctamente?
- (Pausa) Ouça, o presidente da câmara quer tudo o que estiver em cima do passeio multado, carros, motas, é indiferente. Isto vem lá de cima! Estas motas a mim não me estorvam, mas tem de ser...
- Então e o que é eu faço?
- Olhe, deixe num sítio de estacionamento proibido, mas não no passeio. É melhor. (o ar dele torna-se mais cúmplice, mais intimista, mas mantém a postura profissional). Numa esquina, assim... num sítio de descargas... É melhor.
Mas eu não lhe disse nada!
Desejei-lhe um bom dia e fui dar um longo passeio. Quando voltei ele ainda estava de volta das três vitimas. E eu pensei, "é pá, mas como é que se deixa a multa numa scooter?" O papel. Onde é que se mete o papel?? Não deve ser fácil. Bom, vejam a foto... Peço desculpa, mas estas imagens foram recolhidas como meu telemóvel, e portanto não valem um carapau, mas achei que o valor informativo era suficientemente grande. Como podem ver, as scooter não estão propriamente no meio do caminho. Voltei àquele local mais tarde e estavam vários furgões escandalosamente estacionados em cima do passeio, na mesma zona. A scooter Yamaha tinha desaparecido, tal como o agente. Enfim, um problema antigo, aparentemente sem solução à vista. Aliás, a CML está tão endividada que há-de ter mais prioridades que o estacionamento para essas aves raras dos motocas...
quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008
Scooters no limbo
Publicada por Bessa à(s) quinta-feira, fevereiro 28, 2008 0 comentários
Pintar a Vespa
Alguém se lembra de um programa de televisão espanhol chamado "bricomanía"? Eu lembro-me de ver alguns episódios aborrecidos, só porque não tinha mesmo mais nada para fazer. Mas houve um que não foi aborrecido, longe disso. Nesse episódio o apresentador pintava uma espécie de mota. Neste tipo de programas didácticos, as coisas parecem sempre mais fáceis do que aquilo que são realmente, mas mesmo sabendo isto, a transformação pareceu-me surpreendente: então aquilo era assim, tão fácil? Não era preciso ir à oficina, esperar muito tempo e pagar um dinheirão? Impressionante! Alguns anos depois soube que a mota era uma vespa, e muitos anos depois disso, hoje, reencontrei este momento feliz de televisão nessa maravilha dos tempos modernos que é o YouTube. Já sei ver que afinal até não está um trabalho perfeito, mas mesmo assim... Enjoy!
Publicada por Bessa à(s) quinta-feira, fevereiro 28, 2008 1 comentários
terça-feira, 26 de fevereiro de 2008
Numa de acenos, cumprimentos e V's
Fala-se muito nos foruns de motas, scooters e afins, de cumprimentos trocados entre scooteristas (e motociclistas). Muitas vezes fala-se mais é da falta de cumprimentos, diz-se muito que "antigamente é que era bom", "agora ninguém cumprimenta" ou que "agora nem param para ajudar". Estas coisas costumam ter algo de tribal.
Com o tempo, eu fui ficando com a ideia que os "motards" de pêlo na venta só cumprimentam outros motards "sérios", principalmente se forem da mesma sub-espécie: a malta das RR's só fala a outro RR, a malta das vespas só fala à malta das vespas e por aí fora (consta que o pessoal das Harleys não fala a ninguém, porque têm dinheiro para isso ou que são tão maçaricos que não fazem ideia do que queira dizer o cumprimento). Enfim, nos foruns, quando há estas discussões, vem quase toda a gente dizer que sim, que eles sim cumprimentam todos, sem excepção, e que não se importam se não obtiverem resposta.
A minha experiência neste assunto é muito simples. Ao princípio acenava, principalmente aos outros scooteristas. Acho que o fazia sobretudo por causa da minha experiência com o BTT, que é um meio onde isso só não acontece em provas ou passeios de muita gente. Não custava nada, afinal somos tão poucos, uma pessoa pode fazer muitos km de scooter sem nunca ver um outro veículo de duas rodas, mesmo em Lisboa. A questão é que nunca obtive resposta e com o tempo e a necessidade de concentração, acabei por deixar o assunto de lado. Imaginei que o problema era não fazer parte de uma tribo, as scooters já são raras, a minha então é uma pobre utilitária desconhecida (por cá), e não tem a tão importante imagem de status, necessária neste nosso rectângulo Ibérico. Enfim, habituei-me a ser invisível não só para os enlatados como para os outros utilizadores das duas rodas.
Hoje, na marginal, à saída de Algés, um scooterista, numa pequena scooter "de plástico" de uma marca e modelo desconhecido, cumprimentou-me. Foi uma coisa tão inesperada que quase não tinha tempo de responder. E soube bem. Garanto-vos. Depois de passar o dia a desviar-me de enlatados cegos surdos e malucos, é incrível como um simples gesto ajuda tanto a não te sentires sozinho na estrada. Depois de quase ano e meio, a esperança renasce!
Publicada por Bessa à(s) terça-feira, fevereiro 26, 2008 0 comentários
quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008
Prevenção Rodoviária Portuguesa
Lembrei-me de ir ao site da PRP ver se encontrava alguma informação sobre motociclos. Cursos de formação, informação sobre segurança, esse tipo de coisa. Tendo em conta o que se vê no dia a dia nas estradas em Portugal, não estava à espera propriamente de encontrar maravilhas neste site, mas mesmo assim fiquei impressionado.
A Prevenção Rodoviária oferece a possibilidade de inscrição em várias acções de formação, sendo que a que me interessou foi naturalmente a de "Aperfeiçoamento de condução de Motociclos". Foi agradável descobrir que tal coisa existe neste país, para além dos cursos privados e dos track days organizados por entidades como a Motociclismo. Mas comecei a desanimar pouco depois, ao encontrar num dos primeiros parágrafos a seguinte pérola de sabedoria: "Os cursos CACM visam essencialmente ajudar os motociclistas portugueses a aceitar que grande parte dos “problemas” com que deparam na via pública derivam de uma generalizada falta de condições técnicas ao nível da condução."
Bom, vamos lá ver. Primeiro fico logo de pé atrás quando me estão a dizer que me querem ajudar a aceitar qualquer coisa, e depois os problemas dos motociclistas portugueses parece que não são realmente problemas, porque estão entre aspas. Será que são coisas menores? E os motociclistas são todos uns choramingas? Enfim, parece então que esses "problemas", coisas sem importância portanto, que encontramos na via pública não são mais que algo que deriva da generalizada falta de condições técnicas... Mas não é das estradas, não é da falta de civismo ou mesmo da reduzida capacidade cerebral dos utilizadores de inúmeros veículos de 4 rodas: não. A culpa é ao nível da condução, ou seja, não importa o que possa acontecer, são os motociclistas que andam mal preparados. E conduzem mal. A culpa é nossa. Onde é que eu já ouvi isto?
Mas não temam, afinal está aqui o curso para resolver o problema da nossa ignorância. Para falar verdade, se eles pensam assim, eu duvido que esta gente tenha alguma coisa para me ensinar, mas lá fui lendo o resto. Já no fim, uma pessoa encontra os preços para estas meritórias acções de formação. A saber: de 150 a 335 Euros, dependendo do cartódromo onde vão ser ministrados. Em troca, além da formação, temos direito a almoço e podemos ir de transportes que a mota para a formação é por conta deles. Isto faz-me lembrar os cursos fornecidos pela Honda. Bom, na verdade, e tanto quanto sei, os preços da Honda até são mais baixos...
Ou seja, a Prevenção Rodoviária Portuguesa, uma instituição de utilidade pública desde 1966, dizem eles, pratica preços puramente comerciais (e caros) em acções de formação, apesar dos subsídios que recebe do estado. Por outro lado, a filosofia reinante na instituição, em relação à problemática dos motociclos em Portugal, parece ser simplesmente a velha e popularucha ideia de que "vocês motards estão sempre a abusar e depois os acidentes acontecem". Será que já ouviram falar de acções de formação gratuitas? Será que sabem alguma coisa sobre a realidade e perigos que rodeiam os utilizadores de duas rodas? Fiquei com muitas dúvidas a esse respeito, e resolvi enviar-lhes um e-mail. Estou à espera da resposta.
Publicada por Bessa à(s) quinta-feira, fevereiro 14, 2008 3 comentários
quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008
Gore-tex & amigos
As características de superior conforto dos equipamentos para motociclistas feitos em materiais têxteis, como o Nylon e o Gore-tex, têm vindo a torná-los progressivamente mais populares. No entanto, convém não esquecer que vestimos essas peças roupa, não por conforto, mas por protecção. E além da protecção dos elementos, elas são também a última linha de defesa em caso de queda... Desde que comprei o casaco Bering (ver aqui) tenho meditado bastante sobre a protecção que ele realmente oferece. E não há forma de saber muito sobre isso. O problema parece ser a falta de standars na industria do vestuário próprio para motociclos.
As homologações CE dizem respeito somente às protecções semi-rígidas e não ao casaco em si. Esse não é homologado. Aliás tinha ficado com a ideia que nenhum era, até que numa das minhas pesquisas pela net, descobri várias coisas sobre o assunto. Primeiro descobri que essa homologação existe, mas quase ninguém a cumpre e as empresas não parecem interessadas nela. Depois, num forum Espanhol encontrei finalmente uma espécie de estudo caseiro sobre a resistência dos materiais têxteis. Está em castelhano, mas garanto que vale mesmo a pena ler.
Publicada por Bessa à(s) quarta-feira, fevereiro 13, 2008 0 comentários