sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Scooter..? Porquê? (Parte 1)


Muitas vezes me perguntam as razões desta opção. Não há uma só resposta linear, por isso vou ter que recuar no tempo e fazer um pouco de história...

Há uns anos, eu era um trabalhador aprisionado num escritório algures no centro de Lisboa. A vontade de sair cedo da cama para ir trabalhar não era muita. Havia meses em que comprava o passe (e precisava apanhar um só autocarro para chegar ao trabalho) mas mesmo assim acabava sempre por sair tarde e "ter" que ir de carro para Lisboa. Além do tempo que o percurso me demorava (neste caso era igual ao dos transportes públicos), não havia normalmente lugar onde estacionar o meu Ford. Então eu improvisava, como muitos dos meus colegas, e deixava o carro estacionado na curva, "ligeiramente" em cima da passadeira, ou então tinha sorte e deixava num lugar de parquímetro. Que não pagava. Ou pagava pelo período de tempo máximo permitido, que terminava sempre antes da minha primeira oportunidade de o ir lá reabastecer.

Durante uns tempos, a empresa encarregue dos parquímetros na capital EMEL revelou-se incapaz de processar todas as infracções em tempo útil. Isso equivalia a uma impunidade quase total e recordo um final de ano em que deitei fora mais de 50 multas, que nunca paguei nem me foram cobradas.

Mesmo assim, as multas da policia, essas, revelaram-se pesadas, e algumas vezes o meu carro foi mesmo rebocado. Com o passar do tempo, também a EMEL melhorou a eficácia e mesmo algumas medidas solidárias estabelecidas lá no escritório (um pré-aviso, por telefone, com a colaboração de quem estava à janela, lançava uma pequena multidão de colaboradores pelas escadas abaixo, de moedas em punho) revelaram-se insuficientes para evitar um avalanche de despesas e muito, muito stress.

O problema foi-se agravando, e muitos colegas começaram a levar os transportes públicos a sério. Eu não. Resistia, achava que havia sempre uma maneira de continuar a trazer o carro para Lisboa. Na verdade era cada vez mais complicado arranjar um lugar, por mais ilegítimo e ilegal que fosse. A EMEL começou entretanto a bloquear os carros e depois a reboca-los. Isto trazia-me uma enormidade de problemas e despesas, mas eu não desistia do que achava ser o meu direito! Cada vez mais atrasado, stressado e pobre, resistia. Cheguei a cruzar-me com o meu carro à hora de almoço, eu a caminho do restaurante e ele, em cima de um reboque, a caminho do parque da EMEL. Perdi a conta a este tipo de situações e cada uma custava-me pelo menos 90 Euros.

A determinada altura deixei esse emprego e com ele também se foi o hábito de levar o carro para todo o lado. Comecei a ponderar meios mais saudáveis de me deslocar e optava por andar a pé sempre que possível, de transportes públicos e até de bicicleta. Está última opção era a minha preferida, pois o meu desporto preferido da altura era o BTT. Mas as bicicletas tinham vários inconvenientes práticos, num país como o nosso, e depressa comecei a reparar nas motas...

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