sexta-feira, 10 de agosto de 2007

Ataque do justiceiro enlatado




Situação recorrente: via com dois sentidos, uma só faixa para cada sentido, longa fila de trânsito à minha frente, automóveis parados por causa de um semáforo. A outra faixa está livre, ultrapasso a vinte ou trinta km/h até chegar ao semáforo ou retomo a minha faixa se vier algum veículo em sentido contrário.

Até aqui tudo bem, nada disto é incorrecto ou ilegal, a menos que exista um traço contínuo ou outra situação mais específica. O que sucede é que por vezes o automobilista que fica imediatamente atrás de mim quando retomo a minha mão parece ficar enraivecido, não sei se por estar farto de esperar numa fila, dentro de um veículo chato, fechado, caro e poluidor ou se algum "Motard" lhe terá roubado a namorada nos tempos da escola. O certo é que muitas vezes sou brindado com arranques furiosos, apertões e comportamentos irresponsáveis de todo o tipo. Poder-se-ia pensar que esses tempos do total desrespeito pelas duas rodas já lá iam, mas temo que não seja assim.

Ainda há poucos dias, em Linda-a-Velha, um sujeito bem vestido, com um fato clarinho de verão, dentro de um Toyota Yaris, depois de eu ter efectuado uma ultrapassagem como a que descrevo acima, resolveu dar largas às suas (muitas) frustrações e começou a tentar colocar-se a meu lado para me empurrar para a faixa contrária. Fui surpreendido pela manobra, até porque tinha tido o cuidado de retomar a minha faixa suavemente, para não "assustar" ninguém, deixando muito espaço entre mim e o tal Yaris. Mas este fulano tinha a sua própria agenda a cumprir e toca de atirar o carro para cima de mim, com acelerações ruidosas e travagens in extremis . O Yaris balançava de um lado para o outro nos meus retrovisores, enquanto eu tentava manter o meu lugar na faixa e ao mesmo tempo não ser atingido por aquele vingador enlatado. Arrisquei travar um pouco, na esperança que ele não fosse louco o suficiente para me bater por detrás. Assim foi, e quando o motor do Toyota perdeu rotação, eu rodei o punho e consegui colocar uma distância razoável entre nós, sendo que no cruzamento a seguir eu fui por um caminho e o Sr. vítima de road rage seguiu por outro. Só quando tudo isto já tinha passado é que fui tomado de uma grande fúria eu próprio, e uma vontade que controlei a custo de encontrar de novo aquele justiceiro do asfalto e mostrar-lhe a resistência e bons acabamentos das minhas luvas... Mas que se pode fazer, nesta terra sem lei, se um scooterista ou motociclista perde a cabeça é ele (ou ela!) que fica mal, em todos os sentidos. E de resto, com o que se vê por aí, eu ia andar aos murros todos os dias, várias vezes por dia!

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